Atualizado em 29/06/2020 às 17:28
Porto Alegre: enfermeira diz que profissionais estão trabalhando à beira do colapso
Enfermeira intesivista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, a palmitinhense Angela Enderle Candaten disse em entrevista no Comando Regional da AM 1380 desta segunda-feira, 29 de junho, que os profissionais da saúde estão trabalhando à beira do colapso na Capital. A situação é quase caótica por causa da pandemia do coronavírus.
De acordo com a enfermeira, os profissionais da saúde estão desempenhando as funções “à beira do colapso e em um ritmo acelerado de trabalho”. Angela afirmou também que todos estão “no limite da exaustão física e emocional”. “Os profissionais estão cansados, pois trabalham, diariamente, em busca de alternativas e soluções em toda a grande Porto Alegre para poder atender a demanda que já chega do interior”.
Ainda conforme o relato da enfermeira acredita-se, que em Porto Alegre, a doença atingiu o pico, como era previsto e temido, principalmente, pelos profissionais da saúde.
Angela explicou que as possibilidades de leitos de UTI estão sendo esgotadas. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre tem 105 leitos de UTI abertos e até esta terça-feira, 30 de junho, outros dez leitos estarão disponíveis para cobertura dos municípios da Região Metropolitana e do interior, onde os casos de Covid-19 estão aumentando, diariamente.
- A preocupação dos profissionais da saúde é que vai chegar o momento de que não vai ter leito para todos -, frisou.
Outra preocupação é com o fato de que no interior do Estado a maioria dos hospitais não está preparado para o atendimento a esses pacientes e nem possui o suporte necessário para atender essa demanda.
A enfermeira ressaltou que o Clínicas tem 62 pacientes acometidos por coronavírus, internados na UTI. Desse total, 70% estão em ventilação mecânica, entubação e sedação, ou seja, em estado grave.
Outro problema apontado por Angela é que a recuperação dos pacientes graves é lenta e, por isso, dificulta o giro de pacientes nos leitos de UTI.
Sobre o final da pandemia, a enfermeira intesivista destacou que não há uma posição oficial, pois ainda não é possível estimar o comportamento da doença. “Há uma esperança de que por meados de setembro ou outubro essa curva comece a estar na parte mais baixa, mas não há como afirmar com certeza”, disse.
Angela disse que a curva de número de casos ainda é ascendente e depois de atingir o pico pode permanecer neste patamar por dois meses. “Então, em julho e agosto a situação ainda deve ser crítica. A expectativa é que em setembro a curva deve começar a descer”.
Situação na região
Na região, a situação é mais tranquila. Apesar de o número de casos confirmados de coronavírus seguir aumentando, o número de ocupação de leitos clínicos e das UTIs ainda é baixo.
No Hospital de Caridade de Palmeira das Missões, apenas um paciente acometido pela doença está internado em leito clínico.
Em Frederico Westphalen, quatro pacientes estão internados no Hospital Divina Providência (HDP) – dois em leito clínico e dois na UTI. Um dos casos da UTI é de outro município.
Já no Hospital de Caridade de Três Passos dez pessoas estão internadas nos leitos clínicos destinados à Covid-19. Desses casos, três são confirmados e sete são casos suspeitos. Na UTI do HC duas pessoas com coronavírus estão internadas.
No Hospital Santo Antônio (HSA) de Tenente Portela uma pessoa está internada com a Covid-19. Outros dois pacientes da UTI são casos suspeitos e aguardam resultado de exames. Já na ala dos leitos clínicos estão internados apenas três pacientes com suspeita de Covid-19.
* As informações dos hospitais da região foram apuradas pela equipe do Departamento de Jornalismo do Grupo Chiru até às 17h20 desta segunda-feira, 29 de junho.
Ouça o relato completo de Angela Candaten ao Grupo Chiru