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Atualizado em 23/08/2018 às 15:55
Após ser impedido de jogar saiba como fica a situação de Guerrero no Inter
Confira a situação do centroavante, após a revogação do efeito suspensivo que dava respaldo legal para o peruano entrar em campo
Após uma apresentação com pompa de estrela, o Inter preparava a estreia de Paolo Guerrero para a partida do próximo domingo, contra o Palmeiras, no Beira-Rio, mas foi pego de surpresa. Uma decisão da Justiça da Suíça revogou o efeito suspensivo que liberava o peruano a entrar em campo.
O clube gaúcho ainda espera uma notificação oficial sobre as condições legais do centroavante, e a diretoria tem agendada uma reunião para analisar as medidas cabíveis nesta quinta-feira antes de tomar decisões sobre como proceder. Com a decisão, o atleta terá de cumprir o restante da pena da suspensão por doping – mais oito meses longe dos gramados – e, assim, só poderá entrar em campo pelo Colorado em abril de 2019.
Como foi a punição a Paolo Guerrero?
Guerrero foi suspenso provisoriamente por 30 dias pela Comissão Disciplinar da Fifa em novembro de 2017, por ter testado positivo em exame antidoping após a partida contra a Argentina, em 5 de outubro, pelas Eliminatórias da Copa. Mais tarde, em dezembro, a Fifa anunciou uma punição de um ano ao atleta, pelo uso do estimulante bencoliecgonina, um metabólito de cocaína.
À época, a defesa do atleta manifestou "decepção" com a decisão, tomada mesmo após o tribunal ter reconhecido que o jogador não fez uso de cocaína. De acordo com a nota, "as provas são contundentes e somadas à baixíssima concentração do metabólito comum à folha de coca não justificam em nenhuma hipótese essa decisão".
Mais tarde, a Fifa reduziu a punição para seis meses, e o atleta voltou a atuar ainda em maio deste ano. Mas no dia 20 do mesmo mês, O Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), da Suíça, ampliou a pena para um total de 14 meses – o que o tiraria da disputa da Copa do Mundo pelo Peru. A defesa do atleta, então, conseguiu o efeito suspensivo superprovisório na Justiça Comum Suíça, com base nos prazos de publicação da decisão, para que o atleta pudesse disputar o Mundial.
O atacante disputou a Copa do Mundo da Rússia pela seleção peruana, mas caiu na fase de grupos. Deixou a sua marca na vitória por 2 a 0 sobre a Austrália. Em julho, voltou ao Flamengo para aparecer em mais quatro compromissos pelo Brasileirão. Com o fim do vínculo, acertou sua ida para o Inter, com um contrato de três temporadas. Mas a nova decisão da Justiça Comum, de revogar o efeito suspensivo superprovisório, o tira de ação pelos próximos oito meses.
- Quando Guerrero poderá voltar a jogar?
A partir de 23 abril de 2019. O peruano já cumpriu seis dos 14 meses de suspensão da pena aplicada pelo TAS. Restam, assim, oito meses de inatividade.
- O centroavante poderá treinar pelo Inter durante a suspensão?
Não. O regulamento do antidoping da Fifa impede que o atleta sequer trabalhe nas dependências do clube até um prazo de 45 dias antes do fim da punição – como ocorreu no Flamengo. Assim, o peruano poderá treinar no CT do Parque Gigante a partir de março.
O Sport Club Internacional informa que até o momento não recebeu nenhuma notificação oficial sobre o jogador Paolo Guerrero. O acordo feito com o atleta traz proteção contratual para ambas partes. O Clube dará todo suporte jurídico necessário ao jogador.
- Como fica a situação contratual do atleta com o Inter?
Precavido com as nuances jurídicas do atleta, o Inter adicionou cláusulas que protegem as duas partes no contrato até agosto de 2021. Em caso de revogação do efeito suspensivo, como de fato ocorreu, o vínculo do atleta com o clube também fica suspenso durante o período de ausência dos gramados, com prorrogação da ligação. Ou seja: o contrato de Guerrero com o Colorado passa a ter duração até março de 2022. O jogador terá 38 anos ao final do vínculo.
- O Inter pagará salários a Guerrero durante a suspensão?
Não. As cláusulas acrescentadas no contrato suspendem o pagamento de salários em caso da revogação do efeito suspensivo.
- O Inter já foi comunicado oficialmente da decisão?
Não. O departamento jurídico do clube ainda aguarda uma notificação oficial dos órgãos responsáveis para definir como proceder no caso. Até o momento, apenas a defesa do atleta recebeu o contato.
- Há possibilidade de recurso?
Sim, embora a decisão desta quinta seja considerada definitiva. O GloboEsporte.com consultou advogados especialistas em direito desportivo e em casos de doping. Há possibilidade de entrar com um apelo ao Conselho do Tribunal Arbitral do Esporte (ICAS, sigla em inglês para International Council of Arbitration Fort Sport) para questionar vícios formais e possíveis erros processuais. Uma decisão deste caráter, porém, é considerada "excepcional" e vista como improvável.
– (A defesa) pode dentro do tribunal suíço ou do ICAS, se tiver um vício formal na decisão, pode apelar. Mas é muito difícil. Não tratei da defesa, mas tem que ter um caráter muito excepcional. Inédito não é. Mas tem que ter um caráter excepcional – diz o advogado Thomaz Mattos de Paiva, especialista em casos de doping, ressaltando que a decisão pode até invibializar esse recurso.
Fonte: GloboEsporte.com