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Atualizado em 07/11/2015 às 06:38
[COLUNA ESPORTIVA] União Frederiquense - As duas faces da moeda
Andei pensando em todas as hipóteses possíveis de avaliação sobre o segundo semestre do União Frederiquense e devo concluir que o saldo é inegavelmente positivo. A justiça deve ser feita em todos os sentidos, então é preciso diferenciar a participação na Copa Valmir Louruz, da Super Copa Gaúcha. Já que não temos o recurso da TV em todos os jogos do União, a minha coluna costuma aparecer após aqueles em que participo como integrante da transmissão do Grupo Chiru. Estive fora dos dois últimos e retornei narrando a partida derradeira do time frederiquense no ano 2105. Com isso, posso dizer que é plausível separar as coisas para que se faça a tal justiça na avaliação. Neste espaço, não posso deixar de rasgar elogios ao projeto que foi colocado em prática pelo União Frederiquense. Tivemos um dos maiores momentos do clube com o título da competição Valmir Louruz e mais do que isso, uma recuperação inacreditável dentro de uma dificuldade financeira e estrutural de uma equipe que estava apenas estreando ter futebol o ano todo. Se o começo foi lamentável, no decorrer das partidas e também com algumas peças fundamentais que foram sendo integradas, o time se soltou e colocou em prática o que era planejado pelo técnico Marcelo Caranhato, criando um espírito imbatível de competitividade e recuperando o foco. O União saiu do objetivo de teste para levantar a primeira taça de sua história. O saldo é positivo e muito alto. Repito, a expectativa era colocar jovens em campo, fazer uma análise do que é jogar o ano todo e atuar dentro da realidade financeira. Estes garotos surpreenderam, alguns até superando qualquer expectativa e sendo importantes para os momentos decisivos, fazendo com que realmente o objetivo maior fosse cumprido. Deu certo. E muito. Dados os devidos méritos, preciso também falar porque o União não conseguiu ir mais longe ainda. Bom, a limitação técnica e a tal realidade a qual se comenta apareceu exatamente nestas duas últimas partidas. Dos adversários do Leão, O São José foi a equipe mais qualificada e a mais próxima de estar pronta para a temporada 2016. Acredito que o primeiro jogo, que foi disputado em Frederico Westphalen, tenha demonstrado a real diferença entre as duas equipes. Um São José melhor tecnicamente, com jogadores mais experientes, um time tradicional e com atitude. Mas também, um União sério, determinado e incansável na busca da recuperação. Já a atuação na partida da volta, não tem nada a ver com o União Frederiquense do segundo semestre e também não pode ser justificada pela supremacia do adversário. O GRAMADO Sim, a maior dificuldade do União foi em relação ao gramado sintético. Mas não é admissível que uma equipe profissional consiga acertar tão poucos passes promissores durante todo uma partida. Os erros foram bisonhos e constantes. A equipe passou o jogo inteiro tentando descobrir qual a velocidade da bola ao tocar no solo, mas também errava passes curtos e laterais. Nem tudo pode ser creditado ao gramado diferente. POSICIONAMENTO Talvez o União nunca tenha atuado num perfeito posicionamento, na partida contra o São José. Ou subia inteiro e não tinha peças defensivas para o contra-ataque, ou se fechava para tentar coibir a rápida ação do adversário e ficava sem opção de ataque. Um exemplo claro foi o camisa 11, Welder. Até agora não consigo descrever qual a posição em que o mesmo atuou. Por vezes era lateral esquerdo, depois zagueiro, meia-esquerda, e no fim também atuou como atacante. Assim não há quem resista. INDIVIDUALIDADE Senti falta de Wilian Bones. Estava no banco, mas sem condições de jogo por causa de uma lesão. Nos momentos de dificuldade, era de chamar a responsabilidade para si. Isso não aconteceu com nenhum jogador do União. Falávamos a todo instante durante a transmissão: "Se for, vai ser por uma jogada individual ou de bola parada". Juliano Tatto até tentou, mas nem ele conseguiu poderio de ataque suficiente para assustar o São José. Talvez no período de 10 minutos o time frederiquense obteve maior posse de bola, mas nada que o fizesse produzir para mudar a realidade da partida. MÉRITOS ALHEIOS, MAS TAMBÉM DEMÉRITOS Com certeza o adversário é de uma qualidade técnica diferenciada. A todo momento o São José usava do entrosamento e da boa desenvoltura dos seus atletas para construir jogadas de extremo perigo. Apesar disso, em vários momentos, foi o União quem propiciou situações de gol ao adversário. errando passes, perdendo a bola facilmente e não tendo efetividade. Em certos instantes, parecia estar satisfeito com o que já havia conquistado. LÚCIO SALVOU O PIOR Talvez o leitor não consiga entender tanta diferença citada aqui, quando olha o magro 2 a 0. Bom, a resposta está em Lúcio. O goleiro frederiquense fez, pelo menos, 5 milagres. Em quatro destas defesas, os atacantes entraram livres para marcar o gol e em nova intervenção espetacular houve uma cabeçada para o chão, daquelas difíceis para o guarda-redes, e o camisa 1 estava lá para salvar mais uma. O resultado não conta o que foi o jogo. Era pra ter sido bem mais. FINALIZAÇÕES Tivemos alguns escanteios, faltas na entrada da área e não mais do que 4 finalizações para fora do gol. Estes foram os números do União durante todo o jogo. Fábio, o goleiro do São José, fez apenas uma defesa. Isto não tem nada a ver com o gramado e com o adversário, tem?! NOTAS Lúcio - Disparadamente o melhor jogador do União Frederiquense e o mais importante da temporada. Esta nota vai para a atuação no jogo e no ano. Lúcio fez 5 milagres e mais 3 defesas difíceis, fora as intervenções seguras. Não ganha 10 porque errou algumas reposições de bola no começo, mas nada que apague sua belíssima atuação. Nota 9 Cristiano - Assim como o restante da equipe, teve muitas dificuldades. Mas ele merece destaque pelas tentativas que fez no primeiro tempo. Não sei se Thomas teria conseguido aproveitamento melhor neste jogo. Nota 6 Raul - Não ganhou uma bola do atacante Heliardo. Menos ainda de Guilherme, no segundo tempo. Afastou algumas bolas em escanteios. Nota 4 Talheimer - Não fez o que havia fazendo. Falhou várias vezes, foi envolvido com facilidade e cometeu pênalti infantil. Nota 3 Busanello - Sentiu com as fortes investidas do São José e quase não passou a linha da metade do campo. Nota 3 Jovany - Este sim, o pior em campo. Errou todos os passes possíveis, sobrecarregou Lúcio e cometeu um número intermitente de faltas, o que poderia ter lhe causado expulsão, mas o árbitro contemporizou. Nota 2 Márcio Reis - Tentou alguns bons passes, mas também errou bastante. Tentou um chute de fora e pegou mal, mas não desencantou. Nota 4 Juliano Tatto - Foi o mais brigador. Correu, marcou, tentou envolver, mas acabou sucumbindo à falta de um companheiro que emparelhasse com sua qualidade. Nota 7 Dewide - Nem contra o São José, nem em jogo algum. Poucas vezes este jogador teve atuação diferente das fracas que eu pude assistir. Nota 3 Nícolas - Correu bastante, mas não finalizou quase nada. Não teve vitória pessoal sobre os zagueiros do São José. Nota 5 Welder - Escalado para ser atacante, não cumpriu tal função e nem as outras que tentou durante o jogo. Um dos piores em campo. Nota 3 Max, Botezini e Nilton Júnior jogaram pouco tempo. Opinião: Eduardo Nervis Krais