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Publicado em 27/03/2019 às 10:30
Família de contadora morta espera há dois meses por sepultamento
Corpo foi localizado em Palmeira das Missões quase um ano após desaparecimento
A família de Sandra Mara Lovis Trentin, 48 anos, que sumiu em janeiro do ano passado em Palmeira das Missões, na Região Noroeste, aguarda há dois meses para atender o último pedido feito pelo pai dela. Antes de morrer, sem saber o paradeiro da filha, Agileu Trentin, 72 anos, pediu que ela fosse enterrada junto a ele, caso a contadora fosse encontrada sem vida.
Em 21 de janeiro, os restos mortais foram localizados às margens de uma lavoura de soja. A ossada precisou ser encaminhada para perícia, que busca esclarecer as circunstâncias do crime, e ainda não foi liberada para sepultamento.
Paulo Ivan Baptista Landfeldt, marido de Sandra e vereador em Boa Vista das Missões, é apontado pelo Ministério Público como mandante do crime. O político chegou a ser detido em fevereiro do ano passado, mas atualmente responde ao processo em liberdade. O outro réu, Ismael Bonetto, 22 anos, acusado de ter cometido o assassinato em troca de dinheiro, permanece preso.
Quatro dias após a ossada ser encontrada, perícia inicial da arcada dentária confirmou que os restos mortais eram de Sandra. A família então passou a planejar como atender o último pedido do pai, que morreu na noite de Natal, após um mês hospitalizado em Cruz Alta.
O corpo de Agileu, que sofria de câncer de pulmão, foi sepultado no cemitério de Boa Vista das Missões. O mesmo deve ocorrer com a filha.
Junto ao túmulo de Agileu, foi preparada outra sepultura para receber os restos mortais de Sandra. A irmã mais nova da contadora, Cátia Denise Lovis Trentin, 41 anos, diz que a família vive meses de angústia.
— Há o conforto por termos encontrado o corpo. Mas vivemos uma ansiedade grande. Continuamos esperando — desabafa Cátia.
A localização do corpo quase um ano depois confirmou o que tanto a Polícia Civil quanto o MP afirmavam: a mulher desapareceu porque foi morta. Para a acusação, Bonetto assassinou a contadora a mando do marido dela.
O suspeito chegou a confessar o crime quando foi preso. Relatou que teria cometido o assassinato em troca de dinheiro. Mas voltou atrás uma semana depois e alegou que tentou extorquir o político. Landfeldt sempre negou envolvimento.
Causa da morte ainda é mistério
Após a localização dos restos mortais, a defesa de Bonetto encaminhou à Justiça pedido para que a prisão preventiva do réu fosse revogada. A solicitação foi negada. O defensor Antônio Korsack Filho fez questionamentos para serem respondidos pela perícia.
Os laudos encaminhados à Justiça não apontam a causa da morte de Sandra. No primeiro depoimento, Bonetto havia afirmado que assassinou a contadora com um tiro no peito.
— A blusa que estava no corpo não tem sinais de sangue e nem de pólvora. Não foi encontrada na ossada, nas roupas e nem na cova projétil de arma de fogo. Essas respostas reforçam a tese de que ele (Bonetto) mentiu quando assumiu esse crime — argumenta o defensor do réu.
Segundo a delegada Cristiane Van Riel, a polícia aguarda outros laudos da perícia – que não têm prazo para serem finalizados – para concluir qual a causa da morte da vítima. O promotor Guilherme Martins de Martins afirmou que só se manifestará após analisar os laudos periciais.
Conforme o Instituto-Geral de Perícias (IGP), a identificação foi possível, mas o corpo não foi liberado porque estão sendo feitas análises para determinar a causa da morte. A previsão é que o laudo fique pronto entre 20 e 30 dias e só então será feita a liberação para a família.
Gaúcha ZH