Saúde
Atualizado em 21/10/2020 às 12:06
Jovem de Lajeado do Bugre com sangue raro tem um único doador compatível
Diferentes tipos sanguíneos não são tão incomuns por isso neste ano foi lançada a campanha Quando não existe doador, todo sangue é raro”
E se você precisasse de uma transfusão de sangue e tivesse apenas um doador no país compatível com seu tipo sanguíneo? Essa é a realidade do Leandro Oliveira dos Santos, de Lajeado do Bugre, que descobriu há pouco mais de dois anos que seu sangue é raro.
Leandro foi diagnosticado com Doença Falciforme - que normalmente é diagnosticada com o teste do pezinho, realizado antes do bebê receber alta da maternidade - só depois de adulto, e conta que há quase três anos se sentiu mal e precisou de uma transfusão sanguínea, foi quando teve uma reação ao procedimento e precisou ser encaminhado para o Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, para investigar o porquê da reação. “Há dois anos quando Leandro internou no HSVP, apresentou suspeita de alo-anticorpo, sem identificação de bolsa de sangue compatível. Devido aos resultados dos testes e suspeita de sangue raro, amostras de sangue foram encaminhadas primeiramente para o HEMOSC, após para o HEMORIO e devido à alta complexidade do caso, por fim, foi e o diagnóstico do caso foi feito pela UNICAMP. Identificou-se um anticorpo anti-Cromo 2, sendo o primeiro caso descrito no Brasil. Na mesma ocasião foi realizado estudo familiar sendo identificado o seu único doador no Brasil, seu irmão gêmeo bivitelino”, explica a Hemoterapeuta e Hematologista responsável pelo Serviço de Hemoterapia do HSVP, Cristiane Rodrigues do Araújo.
Normalmente, o sangue raro é identificado durante solicitações de transfusões sanguíneas onde os testes pré-transfusionais são alterados com presença de alo-anticorpos e não tem sangue compatível. Ainda, conforme Cristiane pode ser mediante estudo familiar de casos de indivíduos já com diagnóstico de sangue raro ou durante doações de sangue, onde é realizado o estudo da fenotipagem eritrocitário (antígeno eritrocitário) do indivíduo.
O conceito de sangue raro é subdivido em duas formas: indivíduos que apresentam ausência de antígenos de alta frequência – caso um paciente apresente esse fenótipo e já esteja aloimunizado, está sujeito ao risco de não encontrar doador de sangue compatível. Pode ser encontrado doador na razão de 1/1000 doadores ou menos. Ainda, indivíduos que apresentam combinação de múltiplos antígenos comuns negativos para os principais antígenos dos Sistemas de Grupos sanguíneos, portanto a definição de sangue raro pode ser distinta entre populações.
O doador
A sorte de Leandro é que seu único doador é o irmão gêmeo, Leonardo. Que através do gesto da doação e sangue pode auxiliar o irmão e permitir que ele tenha uma vida com mais saúde. “Não tenho explicação e palavras para agradecer meu irmão. Nossa, só ele ter o sangue compatível e poder doar para mim é algo sem palavras. Uma ligação única”, comenta Leandro. “Fico muito feliz em saber que posso ajudar ele. Fizemos os exames, descobri que podia doar e sempre que precisar vou estar disponível para doar sangue para ele”, enfatiza o irmão Leonardo.
Campanha informa sobre Sangue Raro
Em 2020, o Serviço de Hemoterapia lançou a campanha permanente “Quando não existe doador, todo sangue é raro”, que visa alertar sobre os diferentes tipos de sangue e também da importância da doação, já que quando não há doadores, todo sangue pode vir a faltar. Cristiane enaltece a relevância de divulgar sobre o sangue raro na comunidade passo-fundense e região, para que as pessoas saibam da existência desse tipo de sangue e que “esse doador com sangue raro pode ser, no futuro, o paciente com sangue raro”.
Como aborda a campanha, todo doador é fundamental, pois sempre há quem precisa de sangue. Por isso, Leandro reforça a importância deste gesto. “Quem pode tem que doar. O sangue pode não ser compatível com meu, mas sempre tem alguém esperando por um doador. Doar sangue é doar vida”, relata o paciente.
*Com informações HSVP