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  • Linchamento de homem em praça do RS choca comunidade: 'Não é certo'

    No dia seguinte após o espancamento seguido de morte de um homem após uma tentativa de assalto na noite de domingo (26) em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, o assunto tomou as redondezas onde o crime ocorreu. Foi na Praça Júlio de Castilhos, quase em frente ao prédio da prefeitura e bem próximo da Câmara de Vereadores da cidade. Este foi o segundo caso de linchamento na cidade nos últimos quatro meses. Segundo a ocorrência registrada na Brigada Militar, um casal foi abordado por dois homens por volta das 19h em um ponto de ônibus, que fica na Avenida Coronel Marco de Andrade, uma das principais vias de Viamão. Ao perceber que eles não portavam armas, um grupo de pessoas que estava na praça resolveu reagir.  Um dos suspeitos foi cercado e agredido a socos e pontapés. Valdir Gabriele, 40 anos, morreu no local. O corpo dele foi encontrado no chão, perto do banheiro público. Inicialmente, a Brigada Militar achou que se tratava de uma briga generalizada. “Quando a Guarda Municipal chegou, o pessoal já havia se dispersado, e só estava o homem caído no chão. A Samu foi chamada e constatou o óbito”, conta o Comandante da Guarda Municipal de Viamão, Getúlio Barcellos. O casal registrou ocorrência e prestou depoimento, onde relatou a ação do grupo de cerca de 15 pessoas. De acordo com as vítimas, os dois anunciaram o assalto dizendo que estavam armados. O segundo suspeito conseguiu fugir. A poucas quadras dali, um homem foi capturado e levado para a delegacia. Entretanto, as vítimas não o reconheceram como um dos assaltantes. Ponto de desembarque das principais linhas de ônibus da cidade e cercada por farmácias, supermercados, lojas e agências bancárias, a Praça Júlio de Castilhos fica bem no Centro de Viamão. De dia, muitos pedestres passam por ali e crianças brincam em gangorras e balanços. À noite, segundo moradores, a área é frequentada por adolescentes e jovens. Alguns deles aproveitam a pouca iluminação para consumir drogas e bebidas alcoólicas. Embora haja queixas de falta de segurança, a maioria dos pedestres se mostrou surpresa com o assalto e a agressão. "Nunca vi isso acontecer aqui. No interior, nas vilas, o crime corre solto. Roubo de casa, roubo de carro. Mas aqui não. Estou surpresa", comenta Antônia Carvalho, 61 anos, que costuma levar a neta Amanda, de 3 anos, para brincar na praça todos as tardes. Alguns, embora compreendam a revolta pelo assalto, são contrários à ação dos agressores. “Sei que a gente está jogado às traças, mas não é certo julgar e matar uma pessoa por isso. Tu achas que está fazendo uma boa ação assim, matando alguém?”, analisa Marizete Campana, 38 anos, que aguardava por condução no mesmo ponto de ônibus onde o casal foi assaltado. "Isso é coisa do tempo de antes de Cristo. Uma barbaridade", completa Rosângela Ribeiro, 44 anos. “Está todo mundo comentando. Não sei se é certo [fazer justiça com as próprias mãos], mas é o reflexo da nossa sociedade, do que está acontecendo no mundo”, opina a farmacêutica Júlia Grazziotin, 33 anos, que trabalhava. Não havia guardas ou PMs nas redondezas no momento do assalto e nenhum dos estabelecimentos comerciais dos arredores estava aberto no domingo à noite. “Não abrimos mais. E se eu tivesse que trabalhar a noite, nem sei o que faria. Tenho medo”, comenta Susana Oliveira, 31 anos, que trabalha como fiscal de um grande supermercado situado em frente à praça e mora a poucas quadras dali. Motoristas de um ponto de táxi de uma das esquinas da quadra relataram não ter visto o crime. Com poucas testemunhas, a Polícia Civil busca imagens de câmeras de segurança da região para tentar identificar suspeitos. “A informação que temos é de que foram de 10 a 15 pessoas. Mas não dá para visualizar os indivíduos. Estamos atrás de mais imagens para tentar ver pelo menos a movimentação deles”, afirma o delegado Carlos Wendt, titular da Delegacia de Homicídios, que investiga o caso. Cada um dos envolvidos deve ser responsabilizado individualmente, conforme sua participação no crime. Segundo ele, outro caso de linchamento foi registrado em Viamão em março deste ano, mas no bairro Santa Isabel. Na ocasião, duas pessoas foram indiciadas por lesão corporal seguida de morte. Ele ressalta, porém, que não há vinculação entre os casos. A orientação das autoridades sobre assaltos segue sendo a mesma: evitar reagir. “Sempre, evitar reagir e fazer justiça com as próprias mãos. Além de correr perigo, tu podes passar de vítima a agressor e passar a ser investigado e responder por um crime ainda mais grave, como homicídio”, observa. Fonte: G1/RS

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