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Publicado em 11/06/2024 às 09:02
ONG vai plantar 11 mil sementes de araucária em área desmatada de Engenho Velho
Sementes foram adquiridas por famílias indígenas envolvidas no projeto
A ONG Brasil Mais Verde, de Engelho Velho, levantou fundos para replantar áreas desmatadas no município do norte gaúcho. Membros da entidade trabalham desde fim de maio para plantar 11 mil sementes de araucárias, adquiridas por oito famílias indígenas envolvidas no projeto.
Junto à Emater, o grupo mapeou mais de 500 hectares que poderão receber o plantio no município de quase 1,3 mil habitantes. De acordo com o integrante da organização, Alvacir Aimi, a ONG foi fundada para resgatar nascentes dos rios e, junto a isso, realizar o plantio de árvores nativas e frutíferas a fim de enriquecer a fauna e a flora de locais degradados.
— A iniciativa partiu de duas famílias indígenas e outras também quiseram participar. Arrecadamos recursos entre nós e viajamos cerca de 170 quilômetros para comprar as sementes. Todo o trabalho é voluntário e nosso objetivo é recuperar o local, que é importante para as comunidades — disse Aimi.
Emblemática no sul do país, a araucária é considerada uma espécie ameaçada de extinção. O motivo é a exploração econômica extensa no começo do século 20, já que a madeira do caule foi um dos principais produtos de exportação do RS, como explica o doutor em Ecologia e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Jaime Martinez. "Todos achavam que as araucárias não acabariam, no entanto, 30 anos de ciclo foi o suficiente pare reduzir drasticamente a extensão das florestas. Hoje, o que restou é algo entre 3% e 5% do que havia originalmente, então todas as iniciativas para recuperar essa espécie são muito importantes" ressaltou.
Importância do pinhão
Conforme Martinez, a sociedade se adaptou para aproveitar os recursos oferecidos pela árvore sem desmatá-la fazendo a colheita da sua semente, o pinhão. Além de economicamente significativa, a araucária é uma espécie-chave para a conservação da fauna silvestre.
— O pinhão é um alimento muito importante, por exemplo, para o papagaio-charão, papagaio-de-peito-roxo, da gralha-azul e outros, mas não só de aves, também entre mamíferos. Nesta nova etapa da nossa relação com a araucária seria mais interessante deixar o pinhão natural na fauna silvestre e consumir aquele que é fruto das plantações controladas — acrescenta.
As araucárias levam em torno de oito anos para produzir frutos, tempo que reduziu a partir da propagação de uma variedade da espécie, identificada em pesquisas. Antes, a espera ficava entre 15 e 18 anos, fator que tornava o plantio pouco atrativo para produtores.
Neste ano, segundo a Emater, o Rio Grande do Sul deve ter de 500 a 650 toneladas da semente em 2024 — 50% a menos do esperado para anos considerados normais (de 1 mil a 1,2 mil tonelada), mas ainda acima da estimativa anterior, que previa apenas 200 toneladas da iguaria.
*Informações GZH