Segurança
Atualizado em 17/10/2019 às 15:27
PF desarticula organização que atuava na compra e venda de criptomoedas
A Receita Federal do Brasil identificou captações que chegaram a R$ 40 milhões por dia
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 17, a Operação Lamanai, para desarticular organização criminosa sediada em São Leopoldo e que atua no mercado financeiro paralelo, sem autorização das autoridades competentes, com a captação ilegal de recursos de cerca de um milhão de clientes.
A investigação tem o apoio da Receita Federal do Brasil e identificou captações que chegaram a R$ 40 milhões por dia pela organização criminosa. Os valores dos investidores eram aplicados no mercado de Foreign Exchange (FOREX), compra e venda de moedas, operações somente autorizadas às instituições financeiras oficiais.
Cerca de 200 policiais federais cumprem 65 mandados de busca e apreensão e dez de prisão nas cidades de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Caxias do Sul (RS), Curitiba (PR), Bragança Paulista (SP), Palmas (TO) e Brasília (DF). Também são executadas medidas judiciais cautelares para apreensão de veículos, sequestro de bens e bloqueio de valores em contas correntes.
O inquérito policial foi instaurado em janeiro deste ano e apurou que os clientes do grupo eram atraídos pela promessa de retorno na ordem de 100% sobre o valor investido, no prazo de seis meses. A captação de recursos estava estruturada em formato conhecido como de pirâmide financeira, em que os novos investidores subsidiam os pagamentos de remuneração daqueles que já aplicaram recursos há mais tempo.
A organização já havia sido notificada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que se abstivesse de tais práticas não autorizadas, mas seguiu atuando e teve expedida uma ordem de parada de operações (stop order), que também foi ignorada. Ao longo da investigação, evidenciaram-se outras práticas criminosas como a aquisição de moedas virtuais para remeter ao exterior, em supostos atos de evasão de divisas, assim como crimes de lavagem de dinheiro, entre outros.
A empresa alvo, foi a Unick, com sede em São Leopoldo, no Vale do Sinos. Esta é a segunda ofensiva realizada pela PF no Estado contra empresas que atuam no mercado de criptomoedas. Em maio, a Operação Egypto resultou na prisão dos sócios da Indeal — que já foram soltos — e no bloqueio de bens da instituição, investigada por fraude financeira.
Em julho, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e 15 pessoas acusadas de envolvimento no esquema viraram réus. O tamanho do prejuízo às vítimas ainda é calculado — relatório da Receita Federal anexado ao inquérito da PF aponta dívida de R$ 1,1 bilhão a 23,2 mil clientes da Indeal.
A defesa
O escritório Nelson Wilians e Advogados Associados, que representa a Unick, divulgou nota no final da manhã desta quinta-feira. Leia a íntegra:
"O escritório Nelson Wilians e Advogados Associados, que representa juridicamente a UNICK Academy, vem reafirmar o compromisso da empresa em colaborar com as autoridades competentes, prestando as informações necessárias para apuração de quaisquer eventuais fatos que tenham ocorrido em relação a suas operações. A empresa reafirma seu compromisso com seus clientes e acredita na Justiça e nos esclarecimentos dos fatos".
*Com informações PF