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Atualizado em 22/01/2020 às 10:20
Um relato em busca da mãe se torna um grupo para ajudar a encontrar familiares
Moradora de FW buscava a mãe biológica quando se deparou com dezenas de relatos de mais pessoas de diversos lugares buscando por familiares
Um relato publicado em 14 de janeiro, por Elizangela Bisognin Wolmann, hoje, moradora de Frederico Westphalen, buscando sua mãe biológica, foi além do que a mulher de 35 anos esperava. Após a postagem, ela começou a receber mensagens de diversas pessoas - mães, filhos, irmãos - que buscam familiares, muitos deles com histórias semelhantes da dela, que foi deixada para adoção no Hospital de Caridade de Palmeira das Missões, na época gerido pelas freiras da congregação Filhas do Amor Divino, para adoção.
– Eu realmente não esperava que receberia, entre as várias mensagens de apoio, tantas mensagens de outras mães buscando seus filhos, filhos buscando suas mães, irmãos enfim, foram dezenas de relatos. Assim, tivemos a ideia, eu e a Diltania Alves, uma das pessoas que me procurou, de colocar todos em um grupo para reunir essas histórias, ouvir esses relatos e quem sabe poder ajudar famílias a se encontrarem, mesmo depois de tantos anos – contou Elizangela.
Sugiu a ideia de fazer um grupo, primeiro no whatsApp, por este limitar o número de participantes e também não ser acessível a todos foi criado neste domingo, 19, um grupo no Facebook, chamado: Procurando mães e filhos - nascidos em Palmeira das Missões e região.
O espaço é para que pessoas possam dividir suas histórias com a pura intenção de ajudar essas histórias a se cruzarem e “quem sabe” aproximar essas famílias separadas em outras épocas. As únicas regras do grupo são dividir o que se sabe das suas histórias, sem esquecer de citar datas e locais. “Quanto mais informações a pessoa tiver mais fácil de ajudar. E fica o chamado, também, para aquelas pessoas que irão ler esses relatos, de ajudar caso conheçam alguma história parecida, ou mesmo, compartilhando para que mais gente tenha acesso e quem sabe, assim a gente encontre nossas mães, nossos irmãos, nossos filhos”, exemplificou Elizangela.
Relatos compartilhados no grupo
Elizangela Bisognin Wollmann
Olá, me chamo Elizangela Bisognin Wollmann, 35 anos, residente da cidade de Frederico Westphalen RS. Nasci na cidade de Palmeira das Missões RS, no dia 15 de maio de 1984. Minha mãe biológica me deixou para adoção, três dias depois fui adotada por um casal, os quais tenho muito respeito e admiração e que estão me auxiliado nesta busca pela minha mãe biológica.
Na referida data do meu nascimento o hospital de Caridade de Palmeira das Missões era dirigido pelas Freiras, as quais também direcionavam as crianças tidas para adoção às suas respectivas futuras famílias.
Fazendo uma busca mais aprofundada sobre o dia e o fato ocorrido, (com as freiras que ainda estão vivas) tenho a informação de que a mulher que supostamente seria a minha mãe biológica era da cidade de Panambi - RS, mas estaria a trabalho em Palmeira das Missões na época do meu nascimento. A única informação que tenho até o presente momento seria essa. Sabemos que podemos contratar um advogado e via judicial o Hospital seria obrigado a nos dar a relação das parturientes deste dia, mas por enquanto não queremos que seja dessa forma, pois sabemos o constrangimento que isso pode causar. Ressalto que Bisognin é o sobrenome do meu pai adotivo e Wollmann é do meu esposo e não os da minha família biológica.
Dessa forma recorro a esta página pedindo que se alguém desta cidade ou arredores lembrar de alguma história que se pareça com essa e coincidindo as datas. Quero deixar claro que o meu único interesse é conhecer a minha mãe biológica, saber quem ela é, se tenho irmãos .... Muito obrigada.
Nelcinda da Costa
Olá, sou Nelcinda da Costa, 53 anos, moro em Parobé, no Rio Grande do Sul. Pois bem eu fui mãe aos 15 anos no dia 22/05/83 minha mãe não deixou nem eu ver meu filho. Lembro como um filme tudo o que aconteceu naquele dia, até o nome da enfermeira era Marisa, eles falaram que era um menino, mas na verdade, eu não sei, não confio no que contavam, era muita mentira. Tudo isso acontece lá, no hospital de Palmeira das Missões. e foi lá que eu fui há alguns anos, em busca de informações, mas também não fui bem recebida, disseram que não existia computador e que os arquivos foram perdidos. Então, procuro incessante pelo meu filho que não me deixaram nem ver mais tenho fé vou encontrar.
Quero poder olhar nos olhos dele e dizer que não tive culpa, eu era muito nova e fui obrigada a entregar ele, na verdade arrancaram de mim e nunca me deixaram ver seu rosto.
Jardel Cruz
Em Campo Novo - RS nasceu uma jovem que hoje estaria com idade de uns 31 a 35 anos. Ela teria sido doada por sua mãe que residia em Bom Progresso-RS. De acordo com o que contam, a doação foi feita porque ela não teria condição de cria-la, principalmente porque já tinha outros filhos. Como foi uma doação pela assistência social em cidade pequena, hoje não existem nada arquivado ou guardado. Hoje a mãe que fez a doação já descansa no senhor, mas seus irmãos sempre quiseram saber notícias”
Juçara Carnelutti
Eu sou Juçara Carnelutti, tive uma filha aos 16 anos, no dia 01/04/1984 não foi em Palmeira das Missões, mas foi no hospital Santo Ângelo, minha mãe deu ela pra adoção no hospital mesmo.
Desde então a procuro incansavelmente, mas nunca obtive nenhuma informação sobre ela, no prontuário da época não consta nada, procurei as freiras que eram responsáveis da maternidade do hospital, também não consegui nada e disseram não ter nada registrado. Mas eu, eu não perdi a esperança de encontrá-la ainda um dia.